Um belo dia, a moça destrambelhada no seu descompasso habitual
se bateu com o Deus do Tempo – não me pergunte que cara ele tinha, esta
história não é minha. Ela pediu que este voltasse atrás e a devolvesse um velho
amor. Suplicou que lhe enviasse junto ao Deus do Vento, para que bagunçasse o
seu cabelo com suas mãos durante um beijo, e a deixasse bêbada com o seu cheiro
entorpecente.
O tempo recusou sua proposta e lhe disse que mesmo que pudesse
o vento não aceitaria trazê-lo. Afinal, nenhum deles volta, seguem apenas passos
contínuos e ritmados em direção ao futuro. Ah, esses dois, nos curam, trazem
leveza e levam mágoas para a tenda do esquecimento. Porém, por outro lado, são
também impiedosos, já que, passam, e passam rápido, sem olhar para o que ficou
nos obrigando a ir junto, nos fazendo passar deixando alguns de nossos amores.
Dos olhos lindos daquela garota brotaram diamantes líquidos
que escorregavam pela sua face deixando o verde de seus olhos embaçado, talvez,
agora mais do que nunca, ela entendesse o quanto é difícil lidar com as coisas,
os amores e os deuses que jamais voltam atrás. Quisera eu não saber o que ela
sentiu neste dia e sobre o que não volta mais...