terça-feira, 17 de abril de 2012

Sobre sentimentos comuns e o tempo de sempre

Era uma vez uma menina com nome de lanche, dona de olhos verdes repletos de faíscas de arco-íris, onde a cor amarela se destacava e lhe dava um ar meio assustador e misterioso no olhar que fazia com que as pessoas se encantassem por ela. Ah, aquela garota, ela era meio destrambelhada, tinha um coração puro e senso de humor incomum para as mesmas de sua idade. Não havia quem não sorrisse perto dela, se alegrasse com sua chegada e entristecesse a sua partida, era instantâneo, a sua áurea iluminada e cristalina fazia com que isso acontecesse.
Um belo dia, a moça destrambelhada no seu descompasso habitual se bateu com o Deus do Tempo – não me pergunte que cara ele tinha, esta história não é minha. Ela pediu que este voltasse atrás e a devolvesse um velho amor. Suplicou que lhe enviasse junto ao Deus do Vento, para que bagunçasse o seu cabelo com suas mãos durante um beijo, e a deixasse bêbada com o seu cheiro entorpecente.
O tempo recusou sua proposta e lhe disse que mesmo que pudesse o vento não aceitaria trazê-lo. Afinal, nenhum deles volta, seguem apenas passos contínuos e ritmados em direção ao futuro. Ah, esses dois, nos curam, trazem leveza e levam mágoas para a tenda do esquecimento. Porém, por outro lado, são também impiedosos, já que, passam, e passam rápido, sem olhar para o que ficou nos obrigando a ir junto, nos fazendo passar deixando alguns de nossos amores.
Dos olhos lindos daquela garota brotaram diamantes líquidos que escorregavam pela sua face deixando o verde de seus olhos embaçado, talvez, agora mais do que nunca, ela entendesse o quanto é difícil lidar com as coisas, os amores e os deuses que jamais voltam atrás. Quisera eu não saber o que ela sentiu neste dia e sobre o que não volta mais... 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Certeza desfeita


Neste mesmo dia, há exatamente um ano atrás, dois sorrisos e dois corações irmãos e saltitantes foram ao encontro de dos pares de olhos cintilantes, irmãos e igualmente apaixonados. 
Aqueles quatro permaneceram juntos ali, na varanda de uma casa, em uma cidadezinha qualquer, num canto bem escondido deste vasto mundo. 
Algum tempo depois, em um caminho de volta, aquelas quatro almas sorriam, mesmo com a certeza de que ao chegarem no fim daquela estrada se separariam novamente. Não importava. Na verdade, as despedidas para eles eram apenas a certeza de um reencontro que vinha todos os dias com o nascer do sol. Talvez alguém nascesse naquele dia, talvez alguém fosse embora junto com o sol, mas nada mudaria. 
Bem, era o que eles pensavam. Hoje, um ano depois, os dois casais alegres estão separados por um oceano, e já não há mais a certeza do amor, nem de um reencontro. Para cada um, restou a companhia de um irmão e a certeza do nascer e do pôr-do-sol. 



terça-feira, 8 de novembro de 2011

Um coração pra colorir.

Pássaros como olhos.
Nuvens nas bochechas.
 Pássaros, nuvens e boca.
Os pássaros se tornaram um riso e
as nuvens se juntaram em uma boca.
O rubor do entardecer lhe corou o rosto
e o rastro dos aviões, lhe deram como presente
um cabelo nagô, das cores do arco-íris,
para colorir-lhe o coração,
 que há de bater em seu peito um dia.
Quem sabe...